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SABER VENDER OU NÃO SABER, EIS A IRRELEVANTE QUESTÃO
02 Abr 2019 / comentários /
Era uma tarde de outono em Porto Alegre, estava eu no auge dos meus imprudentes 22 anos, numa minúscula sala na sede do antigo Banco Meridional no centro da cidade; e comigo mais uns 3 colegas de trabalho, numa empresa de auditoria contábil que trabalhávamos na época. Eu sei, eu sei, muita informação numa frase só e você aí fazendo conta de quantos anos tem essa pessoa que conheceu o Meridional. Praticamente um highlander. 49, mas isso não importa agora.
A vontade de vender e mudar veio como um chamado. Chateada com minha própria insatisfação, peguei minha bolsa e sai às 15hs em direção a sede da empresa e disse na melhor sinceridade possível:
- Não posso mais. Obrigada, mas não consigo. Estou tão infeliz que minha contribuição já virou subtração.
Foi assim. Eu queria vender. E desde então - sem mencionar mil tentativas e dois mil erros - vendendo biquíni, roupas femininas, underwear masculino e feminino, turismo, viagens, fio de sutura, lente intraocular, tela de prolene, equipamentos cirúrgicos, computadores, litros de solução salina, ideias e serviços, me encontro hoje, cada dia mais apaixonada pelas infinitas possibilidades que a venda envolve.
Exceto que, entre uma coisinha e outra, nesses anos que passaram gerenciando pessoas e equipes – de fato o que eu amo mesmo, as pessoas e seus dilemas - descobri que vender não tem nada a ver com venda ou saber vender ou gostar de vender. Nada mesmo.
Não quero chover no molhado, nem ser óbvia com tão exigente público, mas lá vai. Vender é relacionamento, ouvir, entender, observar, perguntar, mostrar interesse pelo cliente ou qualquer pessoa, ser genuíno ao conhecer o produto/serviço, mostrar a solução e os ganhos – pessoais – que quem compra vai obter na transação. No mais, deixa rolar, a venda flui, o cliente toma a decisão e pronto, a mágica se fez.
Confesso que tenho voltado a estudar. O mundo mudou muito, há muitas opções ao alcance de quase todos, muita informação, os novos consumidores alfabéticos ou a cores – x y z índigo ou cristal – e nossos filhos nos ensinando que não estamos preparados para esse novo futuro que não é depois, mas hoje.
Estou há dias pensando em várias ideias e vontades de escrever aqui no blog, e hoje recebi a mensagem que ilustra aqui a postagem, vejam acima.
Achei legal terem lá a minha data de aniversário anotada, bem gerenciado o mailing e a iniciativa; veio no dia certo, na hora certa, meu nome grafado corretamente. Nota 10. Muito interessante também o viés mais humanizado.
Acertaram em cheio, o que importa é estar com quem amamos. Entretanto, todavia, forçou a amizade no final, se incluindo no meu seleto círculo de amores. O ‘mais’ aqui foi ‘menos’ e a balança caiu de um lado. Passou do ponto, sabe? No ímpeto de vender, pesou no lugar errado. Esse sempre foi meu depoimento para todo alguém que me perguntou:
- O que eu faço para vender mais e melhor?
Faz o seguinte, entra com segurança, não exagera. O foco é nele, não em ti. Fica na tua, guarda o ego. Espera, escuta, a oportunidade vem. Seja firme, consistente, organiza a casa, tenha certeza de ter um bom produto, conheça bem o seu serviço e também os concorrentes. Trate bem as pessoas, sempre, sob qualquer circunstância. Saiba identificar o momento certo e, se algo não saiu como esperado, recolhe e volta depois. Mais seguro, mais preparado inclusive para o não, pois esse é garantido.