SABER VENDER OU NÃO SABER, EIS A IRRELEVANTE QUESTÃO

Era uma tarde de outono em Porto Alegre, estava eu no auge dos meus imprudentes 22 anos, numa minúscula sala na sede do antigo Banco Meridional no centro da cidade; e comigo mais uns 3 colegas de trabalho, numa empresa de auditoria contábil que trabalhávamos na época. Eu sei, eu sei, muita informação numa frase só e você aí fazendo conta de quantos anos tem essa pessoa que conheceu o Meridional. Praticamente um highlander. 49, mas isso não importa agora.

A vontade de vender e mudar veio como um chamado. Chateada com minha própria insatisfação, peguei minha bolsa e sai às 15hs em direção a sede da empresa e disse na melhor sinceridade possível:

- Não posso mais. Obrigada, mas não consigo. Estou tão infeliz que minha contribuição já virou subtração. 

Foi assim. Eu queria vender. E desde então - sem mencionar mil tentativas e dois mil erros - vendendo biquíni, roupas femininas, underwear masculino e feminino, turismo, viagens, fio de sutura, lente intraocular, tela de prolene, equipamentos cirúrgicos, computadores, litros de solução salina, ideias e serviços, me encontro hoje, cada dia mais apaixonada pelas infinitas possibilidades que a venda envolve

Exceto que, entre uma coisinha e outra, nesses anos que passaram gerenciando pessoas e equipes – de fato o que eu amo mesmo, as pessoas e seus dilemas - descobri que vender não tem nada a ver com venda ou saber vender ou gostar de vender. Nada mesmo.

Não quero chover no molhado, nem ser óbvia com tão exigente público, mas lá vai. Vender é relacionamento, ouvir, entender, observar, perguntar, mostrar interesse pelo cliente ou qualquer pessoa, ser genuíno ao conhecer o produto/serviço, mostrar a solução e os ganhos – pessoais – que quem compra vai obter na transação. No mais, deixa rolar, a venda flui, o cliente toma a decisão e pronto, a mágica se fez.

Confesso que tenho voltado a estudar. O mundo mudou muito, há muitas opções ao alcance de quase todos, muita informação, os novos consumidores alfabéticos ou a cores – x y z índigo ou cristal – e nossos filhos nos ensinando que não estamos preparados para esse novo futuro que não é depois, mas hoje.
Estou há dias pensando em várias ideias e vontades de escrever aqui no blog, e hoje recebi a mensagem que ilustra aqui a postagem, vejam acima.

Achei legal terem lá a minha data de aniversário anotada, bem gerenciado o mailing e a iniciativa; veio no dia certo, na hora certa, meu nome grafado corretamente. Nota 10. Muito interessante também o viés mais humanizado. 

Acertaram em cheio, o que importa é estar com quem amamos. Entretanto, todavia, forçou a amizade no final, se incluindo no meu seleto círculo de amores. O ‘mais’ aqui foi ‘menos’ e a balança caiu de um lado. Passou do ponto, sabe? No ímpeto de vender, pesou no lugar errado. Esse sempre foi meu depoimento para todo alguém que me perguntou:

- O que eu faço para vender mais e melhor?

Faz o seguinte, entra com segurança, não exagera. O foco é nele, não em ti. Fica na tua, guarda o ego. Espera, escuta, a oportunidade vem. Seja firme, consistente, organiza a casa, tenha certeza de ter um bom produto, conheça bem o seu serviço e também os concorrentes. Trate bem as pessoas, sempre, sob qualquer circunstância. Saiba identificar o momento certo e, se algo não saiu como esperado, recolhe e volta depois. Mais seguro, mais preparado inclusive para o não, pois esse é garantido.